Íntegra da homilia do Bispo Dom José, Erexim/RS

Íntegra da homilia do Bispo Dom José


Saúdo o estimado irmão Dom Girônimo, os sacerdotes presentes, a irmã Teresinha, coordenadora nacional da PPI, a Idesse Santin, coordenadora Diocesana da mesma pastoral, as líderes e todas as pessoas empenhadas nesta pastoral, nas treze paróquias, onde ela está implantada. Minha saudação aos que se dispuseram a viver este dia de escuta, de silêncio, de oração, de reflexão e de confraternização neste banquete eucarístico, onde o Senhor Jesus, o santo de Deus, com suas palavras de vida eterna, quer alimentar a nossa fé e a nossa esperança, mas também a nossa vida de povo de Deus e de peregrinos com o pão da vida. Saúdo igualmente todos os que colaboraram para que este retiro acontecesse e os que vieram celebrar conosco.


Estamos celebrando o banquete eucarístico, e é justo lembrar de todas as pessoas que são atendidas pela ação pastoral da PPI e aquelas que estão esperando que a ação pastoral chegue até onde elas estão, às vezes vivendo em estado de abandono e solidão.


Quero também recordar nesta celebração pelos 10 da PPI a pessoa que acreditou e se dispôs a trabalhar nela, tendo sido a fundadora desta Pastoral em nossa Diocese, a senhora Geny Bósio Oro,in memoriam. Que o Senhor a recompense com a paz dos justos.


Queridos irmãos e irmãs, neste mês vocacional, lembramos as várias formas de vocação que podem ser abraçadas pelo ser humano. Na dimensão cristã a vocação está intimamente ligada à vida de fé. Por amor a Cristo Jesus e por abraçar a causa do Reino de Deus, eu me consagrado para servir os irmãos e irmãs na Igreja povo de Deus. Mas há uma outra dimensão de serviço ao Reino, que está ao alcance do sacerdócio comum, do qual fazem parte todos os batizados. Mas para vivê-lo na dimensão da fé caritativa, precisamos deixar para trás “os deuses” que ocupam tanto tempo da nossa vida e colocar nossos talentos e dons a serviço dos irmãos da comunidade, na certeza de estarmos servindo fielmente o próprio Senhor Jesus.


Ter fé em Cristo significa fazer uma escolha, embora muitas vezes possa ser uma escolha difícil. Para o povo de Israel, a libertação da escravidão do Egito e o retorno à terra prometida era um sonho, uma esperança que estava no coração e alimentava sua vida. Porém, esse povo libertado da escravidão e de posse da terra prometida, precisou também fazer uma escolha de fé, que implicava em renunciar aos deuses, para servir ao Senhor e Deus, com fidelidade e amor.
No texto do Evangelho que ouvimos, muitos dos discípulos que seguiam Jesus se escandalizaram com suas palavras, porque pediam fé e mudança de vida para abraçar a causa do Reino. Por não estarem dispostos a mudar para seguir o Mestre, acabaram por abandoná-lo. Jesus vendo que muitos dos discípulos partiam, não teve medo de perguntar também aos doze. “Vós quereis também ir embora?” Jesus faz essa pergunta aos doze que o acompanhavam há certo tempo, quando o primeiro entusiasmo da novidade começava a diminuir e crescia o cansaço e o desânimo, motivados pela rotina. A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Penso que, na atividade pastoral, a pergunta de Pedro deve estar no nosso coração e nas nossas orações, para encontrarmos forças para vivermos com amor e fidelidade o nosso serviço. Sem a clareza do compromisso de fé com o senhor Jesus, corremos o risco de desanimarmos e voltarmos atrás no nosso empenho pastoral.


Fidelidade e serviço são dimensões intrínsecas do mistério de Cristo e da Igreja. E a fidelidade é difícil; pois requer vigilância e abnegação. Porque nós podemos trair e abandonar Cristo pela apostasia ou por culpas gravíssimas, mas também pela inconstância e pela superficialidade com que vivemos o nosso compromisso de batizados.


O papa Francisco numa das suas meditações fez uma comparação simples do coração, mas ao mesmo tempo muito significativa, usando a imagem de um mercado: “Tantas vezes o nosso coração, com tantas coisas que vêm e vão, parece um mercado de bairro: onde há de tudo, lá você encontra de tudo... E às vezes achamos que devemos experimentar de tudo – isso é de Deus e isto não é – para podermos permanecer no Senhor (...). Por isso, se faz necessária a vigilância. O cristão é um homem ou uma mulher que sabe vigiar o seu coração, para poder permanecer fiel no Senhor sem descuidar da vida dos irmãos.”


Queridas irmãs e irmãos, hoje estamos celebrando 10 anos de amor e serviço aos nossos idosos. Creio que muitas pessoas prestaram sua colaboração ao longo destes anos e muitos foram as que receberam os benefícios desta pastoral. É um momento importante para louvarmos e agradecermos a Deus pelo caminho percorrido entre lágrimas e alegrias. Mas também de traçarmos metas para o futuro, tendo presente a realidade do povo de Deus das nossas comunidades. Não é preciso ser sociólogo para ver a realidade, basta ter presente a compaixão, a ternura e o amor de Jesus, para perceber o quanto é necessário expandir a Pastoral da Pessoa Idosa em todas as paróquias da nossa Diocese nos próximos anos.


Que Maria Santíssima, mãe de Jesus, da Igreja e nossa, nos ensine o caminho do seguimento do seu filho Jesus no amor serviço aos irmãos e irmãs da melhor idade.


Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo.