Papa Francisco institui "Dia Mundial dos Pobres"

O Papa decidiu instituir o “Dia Mundial dos Pobres” na Igreja Católica, que vai ser celebrado no penúltimo domingo do ano litúrgico: é o que está contido na sua Carta Apostólica ‘Misericórdia e mísera’, apresentada nesta segunda-feira no Vaticano. A celebração é inspirada no Ano Santo da Misericórdia, que se concluiu neste domingo (20) e, particularmente, no ‘Jubileu das Pessoas Socialmente Excluídas’, que se realizou no Vaticano no último dia 13 de novembro, dia em que se fecharam as Portas Santas em todas as catedrais e santuários do mundo.

Sinal concreto deste Ano Santo extraordinário

“Intuí que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, se deve celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres”, escreve Francisco, na Carta Apostólica ‘Misericórdia e mísera’, com a qual marca o final do Jubileu. O Papa explica que vê nesta nova celebração a “mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”, que encerra o ano litúrgico na Igreja Católica, evocando a sua identificação com os “mais pequenos e os pobres”.

“Não podemos nos esquecer dos pobres"

O “Dia Mundial dos Pobres” quer ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho”. “Não podemos nos esquecer dos pobres: trata-se de um convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica”, afirma. Francisco defende que “não poderá haver justiça nem paz social” enquanto “Lázaro jazer à porta da nossa casa”. A iniciativa pretende ainda “renovar o rosto da Igreja” na sua ação de conversão pastoral para que seja “testemunha da misericórdia”.

O Papa faz votos de que a Igreja Católica saiba dar vida a “muitas obras novas” que manifestem essa misericórdia, indo ao encontro dos que padecem a fome e a sede, “sendo grande a preocupação suscitada pelas imagens de crianças que não têm nada para se alimentar”.

Campos que exigem respostas concretas

Francisco elenca vários campos que exigem respostas concretas, como as migrações, as doenças, as prisões, o analfabetismo ou a ignorância religiosa. A Carta Apostólica elogia os “muitos sinais concretos de misericórdia” que foram realizados durante o último Ano Santo, mas recorda que isso “não basta”, perante “novas formas de pobreza espiritual e material, que comprometem a dignidade das pessoas”. O Papa recorda os desempregados, os sem-abrigo e sem-terra, as crianças exploradas e todas as situações que exigem uma “cultura de misericórdia” que combata a indiferença e a desconfiança entre seres humanos.

Possibilidade de criar uma verdadeira revolução cultural

“As obras de misericórdia, tocam toda a vida de uma pessoa. Por isso, temos possibilidade de criar uma verdadeira revolução cultural precisamente a partir da simplicidade de gestos que podem alcançar o corpo e o espírito, isto é, a vida das pessoas”, destaca. A Carta Apostólica conclui-se com a convicção de que se vive “o tempo da misericórdia” para todos os que sofrem, das mais diversas formas. "Existem muitos sinais concretos de bondade e ternura para com os mais humildes e indefesos, os que vivem mais sozinhos e abandonados. Há verdadeiros protagonistas da caridade, que não deixam faltar a solidariedade aos mais pobres e infelizes", afirma o Papa.

Fonte: Radio Vaticano